A cirurgia bariátrica, no Brasil, é regulamentada através de uma série de resoluções e portarias:
- A Resolução CFM 1766/2005 regulamenta a cirurgia bariátrica no Brasil
- A Resolução CFM 1942/2010 modifica a resolução 1766/2005, estabelecendo normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo indicações, procedimentos e equipe.
- A Portaria MS 425/2013 estabelece regulamentos técnicos, normas e critérios para a Assistência de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade.
- A Resolução CFM 2131/2015 altera a Resolução 1942/2010, fazendo adequações sobre idade, tempo de tratamento e ajustes sobre as técnicas cirúrgicas aceitas.
- A Resolução CFM 2172/2017 reconhece a cirurgia metabólica para o tratamento de pacientes portadores de DM tipo 2, com IMC entre 30 e 34,9, sem resposta ao tratamento clínico convencional, como técnica não experimental de alto risco e complexidade.
- A Portaria MS 62/2017 – Altera as portarias GM/MS 424/2013 e GM/MS 425/2013 e redefine as responsabilidades sobre a linha de cuidados de sobrepeso e obesidade.
- A RN ANS 428/2017 atualiza o rol de procedimentos e eventos em saúde
- O Parecer Técnico ANS 13/2018 inclui a cobertura de gastroplastia (cirurgia bariátrica) por videolaparoscopia ou via laparotômica.
No Brasil, conforme a Resolução CFM 2131/2015, são aceitas as seguintes modalidades terapêuticas:
Endoscópicas – Balão intragástrico – como adjuvante do tratamento de perda de peso, principalmente no preparo pré-operatório de pacientes com superobesidade, com associação de patologias agravadas e/ou desencadeadas pela obesidade mórbida. É contraindicada em portadores de esofagite de refluxo, hérnia hiatal, estenose ou divertículo de esôfago, lesões potencialmente hemorrágicas, como varizes e angiodisplasias, cirurgia gástrica ou intestinal de ressecção prévia, doença inflamatória intestinal, uso de anti-inflamatórios, anticoagulantes, álcool ou drogas e transtornos psíquicos.
Cirurgias não-derivativas – Banda Gástrica Ajustável e Gastrectomia Vertical
Cirurgias derivativas – Cirurgia de derivação gástrica com reconstrução em Y-Roux sem ressecção gastrointestinal (bypass)
Derivações biliopancreáticas – cirurgia de derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal (cirurgia de Scopinaro) e cirurgia de derivação bilio-pancreática com gastrectomia vertical e preservação do piloro (cirurgia de duodenal switch)
A cirurgia bariátrica deve ser considerado o último recurso a ser empregado no tratamento da obesidade mórbida, sendo precedida pelas medidas clínicas (comportamentais e medicamentosas), por um período de pelo menos dois anos, com profissionais devidamente capacitados. No caso de falha das medidas clínicas, a cirurgia bariátrica pode ser indicada.
A cirurgia implica aderir a uma série de mudanças no comportamento alimentar e comportamental para que se obtenha sucesso. Por isso, sua preparação envolve um time multidisciplinar, envolvendo profissionais como endocrinologistas, psiquiatras, nutricionistas, psicólogas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos.
Dois dias antes da cirurgia bariátrica deve-se iniciar uma dieta líquida. Os objetivos dessa dieta são:
- redução de peso, o que reduz a inflamação do organismo, associada à obesidade, reduzindo riscos de complicação e facilitando a formação de espaço dentro da cavidade abdominal para a realização da cirurgia.
- redução de gordura hepática, também auxiliando nos processos metabólicos e reduzindo o risco de complicações.
- limpeza dos intestinos, melhorando o acesso à cavidade abdominal.
- preparação para as mudanças alimentares, para já ir trabalhando a mudança e mind set necessária para o sucesso do tratamento.
- preservação da massa magra.
Realizar exercícios com o Respiron ajudam a melhorar a expansibilidade pulmonar, o que reduz o risco de desenvolver problemas respiratórios após a cirurgia. Faça os exercícios pelo menos 3x/dia, começando desde bem antes da internação.
Caminhadas são importantes para auxiliar na perda de peso pré-operatória e também para reduzir o risco de complicações como a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar.
A interrupção de anticoncepcionais reduz o risco de problemas associados à coagulação, como as tromboses venosas profundas e a embolia pulmonar. Desta forma, é importante conversar com seu ginecologista sobre as opções anticonceptivas.
Tirar todas as dúvidas que tiver também é muito importante, pois quanto mais se entende o processo de internação, menor a ansiedade. Tire um momento para respirar, faça meditação e tire todas as dúvidas com seu médico e a equipe.
Passe na consulta pré-anestésica com a equipe de anestesiologia recomendada. Leve todos os seus exames, relação de medicamentos que utiliza e anote as dúvidas sobre a anestesia para não esquecer de perguntar durante a consulta.
A injeção de anticoagulante deve ser administrada na véspera da internação, conforme a receita de seu médico.
No dia da internação, observe o tempo de jejum solicitado. São pelo menos 8 horas de jejum. Leve roupas leves e confortáveis. Camisas de botão podem facilitar pois há necessidade de acessos venosos, que podem restringir um pouco a mobilidade.
Lembre-se de levar todos os exames realizados para a internação, pois pode haver necessidade de consultar durante a internação. Também leve uma lista de contatos que podem ser acionados e o nome e telefone da pessoa que quer que comunique o resultado da cirurgia.
Leve sempre a lista de medicamentos que faz uso, com as devidas dosagens e horários, além dos próprios medicamentos, caso haja necessidade de fazer uso e não haja disponibilidade no hospital.
Medicamentos para controle da pressão e anticonvulsivantes devem ser tomados, mas medicamentos para diabetes devem ser evitados para não causar hipoglicemia durante o jejum. Todos os medicamentos devem ser de conhecimento de seu médico e seu uso ou não devem ter sido discutidos antes da internação. Na dúvida, não tome a medicação e comunique o médico tão logo se faça a internação.
As meias elásticas devem ser vestidas antes da internação, após ficar deitado por pelo menos 30 minutos, com as pernas erguidas.
O protocolo que seguimos é de jejum no primeiro dia de cirurgia, com suporte endovenoso através de soros. Utilizamos um protetor gástrico, além de analgésicos e medicamentos sintomáticos. Os medicamentos de uso habitual devem ser descontinuados até segunda ordem. Em geral, medicamentos para pressão alta podem ser reintroduzidos no segundo dia de cirurgia, devidamente macerados. Medicamentos para diabetes são suspensos e anticoagulantes são utilizados a partir do primeiro dia de cirurgia. Nesse dia, o consumo de água, água de coco e Gatorade® é liberado em pequeno volume – 50ml/hora.
No segundo dia, em geral, inicia-se a dieta líquida sem resíduos, que deve ser mantida por 2 a 3 semanas, conforme a orientação da nutricionista.
A alta ocorre, em geral, no segundo ou terceiro dia de internação, conforme a evolução pós-operatória, aceitação da dieta e controle de dores e náuseas. Na alta, receberá receita com uma lista de medicamentos, como anticoagulantes, protetores gástricos, analgésicos e sintomáticos. O atestado também será entregue nesse momento. Esclareça todas as dúvidas que tiver. Caso sejam muitas, faça uma lista e assegure-se de tirá-las antes da alta.
As meias elásticas devem ser mantidas durante o dia, mas podem ser retiradas no momento de dormir. Devem ser utilizadas por 2 semanas.
Siga as recomendações dadas pela equipe médica e nutricional. Faça a dieta líquida sem resíduos, conforme orientação
Deve-se evitar muita movimentação, mas caminhar dentro de casa, em ambiente seguro, deve ser feito. Subir escadas, com auxílio, mas evitar esforços maiores, como agachar e pegar peso.
As feridas operatórias devem ser cuidadas apenas com sabonetes líquidos de uso comum. Sabonetes antissépticos podem ser utilizados. Se as feridas estiverem secas, não há necessidade de cobrí-las. Caso apresente qualquer secreção, ou caso sinta-se mais confortável, pode-se colocar gazes com fitas adesivas (micropode, transpore) sobre as feridas, trocando o curativo pelo menos uma vez ao dia, após devida higienização.
Agende um retorno no GastroCentro, 3418-0000, em duas semanas da cirurgia, ou antes, conforme a sua necessidade.
Em casos de urgência, um telefone de contato será disponibilizado e recomenda-se o retorno ao Hospital.
Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia | Cirurgia de Obesidade e Cirurgia Oncológica
Médico Responsável Técnico: Dr. Juliano Borges Barra - CRM 97558