Mochizuki, M. – gastromiki@gmail.com
Tumores hepáticos, ou do fígado, podem ter natureza benigna ou maligna (câncer), portanto, apenas dizer que há um tumor hepático não significa necessariamente que se está falando de um câncer (doença maligna). Este texto tem por objetivo trazer alguns aspectos relevantes para esclarecer alguns diagnósticos, pois é muito comum depararmos com pessoas muito assustadas ao ver em um laudo de exame o diagnóstico de um tumor hepático.
A boa notícia é que na grande maioria das vezes, felizmente, os achados mostram lesões de natureza benigna, principalmente hemangiomas, hiperplasia nodular focal, adenomas e cistos hepáticos. Em alguns casos, porém, trata-se realmente de lesões de natureza maligna e que necessitam de alguma intervenção. A má notícia é que não só as lesões malignas necessitam de alguma intervenção. Algumas lesões de natureza benigna, como os adenomas e cistos, podem (frise-se essa palavra: PODEM) precisar de algum tipo de intervenção conforme seu tamanho, característica e sintomas.
Continue lendo este texto para saber um pouco mais sobre tumores hepáticos benignos e malignos.
Muitas vezes os tumores hepáticos são detectados através da ultrassonografia. É um método diagnóstico muito importante e que pode definir muitas características sobre a lesão e mesmo dar pistas sobre sua natureza. Contudo, exames como a tomografia computorizada (TC) e, preferencialmente, a ressonância nuclear magnética (RNM) geralmente são necessários para definição diagnóstica, associado a exames laboratoriais e a história clínica.
Hemangiomas – são lesões benignas, geralmente assintomáticas e congênitas, constituídas por um enovelado de vasos sanguíneos que ganham a configuração de uma tumoração. Ocorrem em até 20% da população.
Hiperplasias Nodulares Focais – constituem o segundo tipo de lesão benigna encontrada com maior frequência depois dos hemangiomas, também são congênitas e geralmente assintomáticas. De uma forma simplificadamente, são lesões regenerativas.
Cistos simples – presentes em cerca de 5% da população, podem ter origem congênita ou surgir ao longo da vida, geralmente assintomáticas, possivelmente relacionada a malformação de ductos biliares.
Adenomas – possuem um comportamento geralmente benigno e estão descritas em um artigo à parte - https://gastrocentropiracicaba.com.br/262/adenomas-hepaticos , pois dependem de suas dimensões e características específicas. Leia o artigo.
Cistos hidático - causado por infecção pelo parasita Echinococcus granulosus, leva a formação de uma lesão de característica cística no fígado.
Neste grupo, podemos observar tumores que são originados no próprio fígado, ou seja, são primários do fígado, e tumores que são originados em outros órgãos e se alojam no fígado:
Metástases hepáticas - são lesões de natureza maligna, oriundas de tumores malignos originados em outros órgãos, como o intestino grosso, pâncreas, estômago, mama, entre outros.
Hepatocarcinomas – geralmente surgem associados a doenças como cirrose hepática, doença gordurosa do fígado, hepatites B e C, intoxicação crônica por toxinas, entre as principais causas. Leia mais no site https://hepcentro.com/neoplasia_hepatica/
Colangiocarcinomas – tumores originados de células das vias biliares, podem ocorrer tanto no fígado, como nas vias biliares, que estão intimamente relacionadas ao fígado. Leia mais em https://hepcentro.com/colangiocarcinoma/
No caso das lesões de natureza benigna, na maior parte das vezes não há qualquer sintoma e o diagnóstico acaba ocorrendo durante algum exame para investigação de outras doenças, como uma ultrassonografia, ou tomografia.
Outras vezes, as lesões podem ocupar localização e dimensões que acabam por comprimir outras estruturas e causar distúrbios e sintomas relacionadas a esse efeito mecânico. Se comprimem o estômago, podem produzir efeitos como sensação de plenitude, náuseas ou mesmo dor. Se comprimem as vias biliares, podem produzir icterícia, entre algumas das manifestações que mais chamam atenção.
Os tumores de natureza maligna, inicialmente podem não apresentar qualquer manifestação, mas à medida que progridem, acabam produzindo sintomas como dor, perda de peso, icterícia, anemia, entre os mais importantes
A resposta é: depende. Nas lesões benignas, tudo depende do diagnóstico do tipo de lesão, de sua localização, suas dimensões e suas manifestações. Hemangiomas e Hiperplasia nodular focal, geralmente não precisam de qualquer intervenção, mas existem exceções. O mesmo ocorre para os adenomas em mulheres, pois em homens, os adenomas devem ser devidamente investigados e tratados pelos diversos métodos existentes.
No caso das lesões de natureza maligna primária, o melhor tratamento também depende do estadiamento (se a doença está restrita ou não ao fígado), assim como de sua localização e dimensão, além da reserva funcional desse órgão, que pode estar reduzida em casos de doenças como a cirrose hepática. A ressecção, ou remoção cirúrgica da lesão é uma das opções, assim como a utilização de métodos menos invasivos, como a destruição do tumor utilizando radiofrequência, micro-ondas, injeções de álcool absoluto, embolizações transarteriais associados a quimioterápicos. Ainda é possível considerar a possibilidade do transplante hepático, em casos muito selecionados. Nesses casos, o tratamento exige a participação de um time multiprofissional e multdisciplinar.
Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coloproctologia | Cirurgia de Obesidade e Cirurgia Oncológica
Médico Responsável Técnico: Dr. Juliano Borges Barra - CRM 97558